O samba a dois que dançamos hoje nasceu final do século XIX
e início do XX com a construção de vilas operárias no centro do Rio de Janeiro.
Classes com menor poder aquisitivo dessas regiões buscavam formas de lazer no
meio urbano e começaram a surgir então as “gafieiras” (espécie de casa noturna
da época).

Por ter sua origem ligada a cultura africana, o samba foi
bastante reprimido no seu surgimento. Considerado dança dos pobres, lasciva e
imoral, somente com o passar dos anos, depois de domesticado e adaptado, passou a ser aceito nos salões pelas elites
brasileiras.
Formas de se dançar
Formas de se dançar

De acordo com Marco Antônio Perna, autor de “Dança de Salão
Brasileira”, sempre existiram formas diferentes de se dançar a mesma dança, e
com o samba não foi diferente. Em 1940 haviam três maneiras de se dançar: o
samba liso, samba batucada e samba canção, que se diferem quanto ao compasso musical,
números de pisadas e características.
Hoje no salão, de acordo com as classificações de Rudolf
Laban, grande pesquisador da dança e autor do “Domínio do Movimento”, livro de
referência que observa as danças quanto ao caráter, repertório e qualidade do
movimento, também podemos observar três
formas consagradas de dançar o nosso samba: Liso ou Clássico, Tradicional e
Funkeado.
Clássico
No clássico ou liso a postura tem um ar mais aristocrático e
sua principal característica é a elegância com alinhamento vertical dos corpos
e ginga mais discreta. É o samba mais adaptado ao Ballet. Musicalmente o
chorinho combina bastante com essa forma. O dançarino mais conhecido a adotar
esse estilo é Valdeci de Souza. No repertório puladinho, picadilho e piões
contínuos, lisos e com tempo de execução maior. Outros dançarinos, mais contemporâneos, representantes dessa forma, são Alexandre Silva e Isis Lucchesi
Tradicional
Já no tradicional a ginga ganha maior importância com maior
ênfase na flexão dos joelhos, postura mais relaxada, não há alinhamento ereto
na vertical e os quadris dos dançarinos ganham maior projeção. Aqui o
repertório que tem maior evidência são as escovinhas e os pica-paus, além de
contribuições do tango como ganchadas,
enfeites de pernas para as damas e posição do tronco. As músicas
características são, em sua maioria, sambas de bandas de baile, cujos instrumentos
de arranjo são sopros e outros metais, inspirados nas antigas big-bands
americanas. Carlos Bolacha é o principal ícone atual desse estilo. Os dançarinos mais atuais desse estilo são: Adriano Robinho e Evelin Malvares
Funkeado:
Samba Funkeado é a forma mais nova de se dançar samba. As
principais características são mudança no tempo de execução dos movimentos,
novas figuras criadas a partir do Tradicional e a interrupção de uma
movimentação na metade para dar lugar a algo novo. Na parte corporal observa-se
encaixes e desencaixes de quadril com variações de pausas e continuidades.
Também dentro de um mesmo passo são explorados planos altos e baixos,
característicos do samba Tradicional porém com pausas e quebras de movimentos
que fazem alusão ao hip hop. Também a parte musical advém da cultura hip hop,
podendo ser lançado tanto ao som do sambalanço, subgênero do samba, quanto ao do R&B (rhythm and blues). O ícone atual
e criador deste modo de se dançar samba é Jimmy de Oliveira.. Há também no cenário atual os alunos do Jimmy que vem disseminando o Funkeado. Dentre os muitos, os mais conhecidos são: Leo Fortes e Robertinha, Wendell Bright e Mary Correia, Rodriguinho Barcelos, Erika Ikuno e Moreno Zanandré, Rogerinho Contratempo e Ayla Contratempo
A arte dança também é cíclica
A arte dança também é cíclica
Observadores com noções de história da arte sabem que ela
está sempre em movimento, e estes são, muitas vezes, cíclicos no que diz
respeito às tradições e contemporaneidades. Ou seja, quando nosso samba chegou
ao estilo Funkeado, que é o ápice no que diz respeito à modernidade, muitos
sentiram a necessidade de voltar à raiz, dando força ao modo de se dançar
Tradicional. Atualmente estamos em uma fase de busca das raízes. Por este
motivo o samba Tradicional é o mais seguido e dançado atualmente nos salões brasileiros.
Fontes de pesquisa do resumo acima:
Livros: Dança de Salão Brasileira, de Marco Antônio Perna
Artigo “ O samba de gafieira e seus sotaques”, de Cristóvão Crhistianis, do livro Tango & SambaArtigo: "História da Dança a Dois", de Ítalo Rodrigues Faria, da Arte Revista, 2013
Prof Silvia Caseiro
Canal no Youtube: Silvia Caseiro Dançarina
Página no Facebook: Facebook.com/silviacaseirodanca