terça-feira, 11 de janeiro de 2011

O corpo foi feito para o movimento

É uma das constatações do livro "Corpo Vivo - Reeducação do Movimento", de Ivaldo Bertazzo

A seguir você confere o prefácio feito por Drauzio Varella deste livro que tem tudo a ver com o que defendemos aqui no Saúde Arte. E não tem nada a ver com dança de salão não, mas ela é um bom começo para quem descobriu que tem um corpo que pode e deve se movimentar. Como professora de dança de salão sempre aconselho meus alunos ao movimento individual para conhecerem seu próprio corpo, um dos primeiros passos para uma vida plena... Degustem:


Prefácio do livro

O corpo humano é uma máquina desenhada para o movimento. No decorrer de milhões de anos, pequenas variações individuais que conferiram vantagens para a sobrevivência e a reprodução de seus portadores foram incorporadas aos genomas das gerações seguintes.

Esse longo processo de seleção natural moldou a estrutura anatômica do Homo sapiens, que lhe permite correr 100 metros em menos de 10 segundos, saltar mais de 2 metros de altura e resistir a ultramaratonas de 100 quilômetros.
Para realizar essas proezas foram selecionados corpos com ossos, músculos e articulações que funcionam como alavancas capazes de levantar pesos enormes, realizar movimentos graciosos num espetáculo de dança e fazer ajustes de alta precisão em objetos minúsculos. Não existe exemplo de outro animal com tantas habilidades.
A partir do século passado, no entanto, os avanços da tecnologia permitiram que a humanidade experimentasse um nível de conforto jamais sonhado pelos que nos antecederam. Mas o que é levar uma vida confortável, senão a capacidade de sobreviver sem ter a necessidade de movimento e esforço físico?
O conhecimento científico acumulado nos últimos dois ou três séculos permitiu que o homem se tornasse um animal sedentário e bem nutrido. Bem nutrido até demais, digamos. Sedentarismo e obesidade se transformaram nas maiores pragas do homem moderno.
Usamos nosso corpo em desacordo com os fins para os quais foi selecionado. Para que servem braços e pernas tão longos e musculosos no caso de um animal que não vai andar? Se a evolução nos tivesse preparado para o mundo atual, poderíamos ter braços que apenas alcançassem o teclado do computador, pernas de comprimento suficiente para acelerar e brecar o carro, e um traseiro enorme para servir de acolchoado nas cadeiras incômodas.
Neste livro, Ivaldo Bertazzo parte do princípio de que os desequilíbrios mecânicos acumulados no dia a dia causam percepções errôneas durante a execução dos gestos repetitivos, que dão origem a lesões musculares, articulares e a limitações de movimento. Quando o desuso atrofia determinado músculo, os vizinhos se contorcem para repor a função perdida. Quando vários grupos musculares enfraquecem, o organismo se adapta alterando de forma anômala o funcionamento dos demais.
Com o passar do tempo, esse conjunto de adaptações compensatórias provocará alterações anatômicas que sobrecarregarão ossos, músculos e articulações, e darão origem a deficiências funcionais.
Com o objetivo de corrigir esses desacertos, o autor propõe a reconstrução da trajetória do desenvolvimento motor do indivíduo, baseada na revisão dos processos que ele já viveu. Para
tanto, sugere uma série de exercícios cuidadosamente programados para se contrapor à apatia e ao desinteresse que os adultos costumam ter pelo movimento.
No livro, cada exercício é descrito com detalhes e ilustrado de forma clara para orientar professores e alunos. O conjunto funciona como um manual para os que desejam “brincar com as possibilidades do gesto, arriscar-se em movimentos, submeter-se à desestabilidade e ampliar o alcance dos gestos”, como diz o autor.
A experiência de Ivaldo nessa área é enorme. Num ato de generosidade, ele pretende compartilhá-la com os que se interessarem por ela e seguirem as orientações dadas neste manual.
Drauzio Varella.

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