“Bolero” no dicionário uma dança e música espanhola ou
casaquinho curto feminino, nos salões a expressão mais antiga da dança
romântica ou do romantismo propriamente dito.
A origem histórica do
bolero, assim como a maioria das danças de salão brasileiras, gira em torno de
uma dança européia, mais especificamente espanhola, que ao chegar em Cuba se
fundiu com as influências africanas e a partir daí foi disseminada pelo México,
Argentina e Brasil. No entanto, vale lembrar que Bolero como música e como dança
era bastante diferente do que hoje é conhecido por este termo e também não há
um acordo definitivo entre os pesquisadores sobre o tema. Por esta razão a
história do bolero e suas influências podem ser divididas em três momentos
distintos:
Origem espanhola,
árabe e romana conhecida como “Bolero Primogênito” executadas em ritmo
ternário. A esta categoria inclui-se o bolero dançado por Sebastian Lorenzo
Cerezo; dançarino, primeiro criador de uma dança chamada Bolero em 1780. Algo
interessante a se destacar no estudo histórico é que até a metade do século XIX
havia bailes de danças em pares após as peças teatrais e que, nestas danças, a
parte mais importante era reservada às damas, os cavalheiros apoiavam a
expressividade da dança da dama e as ajudavam nos movimentos de elevações. Há
relatos de que a palavra bolero pode vir de “volero”, referente a voar, porque
as danças ciganas às vezes apresentam movimentos rápidos que parecem o vôo das
aves.Talvez daí venha o nome do passo que chamamos de “voleio”, no qual as
pernas vão para o alto em movimentos redondos acompanhando o quadril. No início
a nobreza dançava o bolero como parte dos costumes, logo passou a ser dançado
pelo povo e em seguida os bailarinos de teatro, daí nasce o “balé clássico
espanhol”. A semelhança com o que acontece ainda hoje na sociedade não é mera
coincidência.
De origem cubana e, posteriormente, América Latina é o
“Bolero Latinoamericano” dançado em ritmo binário e interpretado de inúmeras
maneiras em cada território. Aqui palavra bolero aparece de diversas maneiras:
canción-bolero, bolero-son, bolero-beguin, bolero-moruno, bolero-tango,
bolero-mambo, bolero-chá, bolero-ranchera, bolero-gitano e até bolero-rock. A
característica principal deste bolero é que ele se origina do danzon do século
XIX, que é a dança cubana com influências da Habanera e ritmos afroamericanos,
“La romanza operática”, utilizando como base o son, a clave, foxtrot e até o
blues. De acordo com a pesquisadora de dança de salão, Maristela Zamoner, a
disseminação a partir de Cuba não aconteceu somente com o Bolero, mas também
com o son, o danzón, a guaracha, o mambo e o cha-cha-chá entre outros. E dessa
maneira o bolero se funde com outros gêneros como Bolero ritmico, Bolero Cha
cha cha, Bolero Mambo, e inclusive a Bachata (bolero Dominicano), o Bolero
Ranchero (mescla bolero e mariachí mexicano) e o Bolero Moruno (bolero com
mesclas ciganas e hispânicas). Ressalta-se aqui que entre as décadas de 30 e
60, Cuba e México se tornaram distribuidores de artistas e arte para os países
como Porto Rico, Venezuela, Colômbia, República Domenicana, Equador, Bolívia,
Chile, Argentina e até Brasil e Espanha. A Primeira Guerra Mundial também
contribuiu para a expansão do bolero visto que,
na América Latina não chegava influências musicais da valsa, passo doble
e fox-trot vindos da Europa e Estados Unidos.
E por último o
“Bolero Carioca” que é um Bolero Latinoamericano, dançado no Brasil e que,
apesar de ser estrangeiro, somente no Brasil é dançado da forma como se dança
aqui. Tendo como ponto de partida a dança de salão nascida no Rio de Janeiro e
disseminada para outros estados do país. Caracteríza-se pelo avançar e recuar
sensual entre dama e cavalheiro deslizando os pés pelo chão, com giros,
caminhadas e mudanças de direção, alternando entre rápido e lento. Sua base
rítmica varia entre o binário e quaternário. Apesar da origem cubana ainda
estar presente na música tradicional de bolero, ele também pode ser dançado ao
som de intérpretes da música brasileira como Luisinho Rodrígues, Gilberto Gil,
Roberto Carlos, Miltinho, Carlos Lyra, Vinicius de Moraes, Ivan Lins e Caetano
Veloso. Atualmente também é possível dançar o Bolero em qualquer música lenta e
romântica, incluindo rock melódico e pop.
Resumo da pesquisa de Maristela Zamoner: Bolero
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